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MÃE SOLTEIRA

  • Foto do escritor: Mariana Pignatelli
    Mariana Pignatelli
  • 6 de jul. de 2019
  • 7 min de leitura

Vou ser MÃE SOLTEIRA.


É a minha história, uma história que ninguém conhece mas que muita gente adora criticar porque durante mais de um ano decidi não assumir a relação em que estive nas redes sociais, e pelos vistos isso choca muito as pessoas, faz-nos ser galdérias por aparecermos apenas com um filho do nada e com uma relação que deu o berro durante a gravidez. Por isso hoje estou aqui disposta a partilhar tudo.


Normalmente a opinião dos outros não é muito importante ou relevante, excepto quando parece que tudo pega fogo e se transmite a informação errada, de forma a nos tentarem atingir por todos os lados, e tendo nós hormonas que nos deixam mais fragilizadas tudo nos atinge mais facilmente e parece que toda a gente só nos quer magoar, doendo qualquer coisa que seja dita. Complicado já é estar neste percurso “sozinha”, quanto mais levar com críticas e maldades de todas as pessoas que não sabem de nada.


As grávidas solteiras deviam ter mais apoio e muito menos críticas do mundo exterior. “Que está ela a fazer à vida dela?” “Ah vai ser mãe solteira é porque deixa que todos lhe cheguem” “olha engravidou de propósito para o prender” etc, e assim somos olhadas de lado por sermos mães solteiras, mas as coisas não são bem assim.


Errado é quem foi embora, errado e feio é o pai abandonar o barco quando se está numa situação destas, e sabendo que vai ser pai, trair, ter estado a viver uma vida dupla e seguir em frente, deixando a mãe e o filho para trás. Isso sim é feio e errado, para muitas pessoas é mais fácil fugir do que enfrentar as situações de frente, e isso sim é errado.


Por isso não é errado a mamã ir sozinha a ecografias, ir sozinha às urgências ou às consultas mensais, errado é a ausência e a falta de vontade do pai nisso e as críticas das pessoas que estão de fora na sala de espera. Por isso maravilhoso é o que uma mulher grávida pode fazer sozinha e toda a força que ela vai buscar, por ela e pelo filho que vem a caminho. Acho que toda a gente antes de olhar para uma mãe solteira e julgar, deviam pensar na dor que pode estar por trás de tudo, e não a julgarem sem saber.


Errado é um pai não ligar a saber como a gravidez está a correr, não ajudar a escolher o nome, não ajudar a comprar nada, não ajudar a escolher as primeiras roupas, não comparecer em consultas nem em festas, não ir às coisas por causa da nova/dupla relação, e isso levá-lo a não querer sequer do filho que vem a caminho.


Mas sabem qual é a verdadeira definição de pai? Pai é quem ama, pai é quem está presente e se interessa em saber, não é ter o mesmo sangue. E eu não tenho dúvidas que o meu filho terá o pai que merece, mesmo que não seja o pai biológico.


No meio disto tudo, o mais importante é que assumo a minha responsabilidade, a minha responsabilidade como mãe e recebo esta criança com todo o amor do mundo, pois quando uma relação falha a responsabilidade é dos dois e não há outra opção se não aceitar, mas quando um bebé vem a caminho e um dos dois salta fora, trai e abandona, já não é uma falha, é uma opção. E jamais a minha opção seria abandonar este bebé, todo o amor que sinto por ele, seria impossível de lhe virar costas e deixar sozinho no mundo.


Sentir cada pontapézinho, sentir os soluços, sentir a barriga a crescer, sentir um amor vindo de dentro que não tem explicação? Jamais trocava isso na vida, jamais virava costas ao amor da minha vida. E o que muitos vêm como erro e falha de ter feito este bebé e ter ido para a frente com isto alegando que vou estragar a minha vida, eu vejo como a maior benção da minha vida. Não é um erro ter um bebé, não é um erro ter engravidado, o único erro que vejo em histórias destas, é realmente o pai virar costas a meio da gravidez, quando se tem um filho a caminho. E nem me refiro a virar costas a uma relação, porque nem todas as relações conseguem ser para sempre e isso é superável, refiro-me mesmo a virarem costas a uma vida que de nada tem culpa e que não escolheu vir ao mundo nessas condições.


As coisas nem sempre correm como queremos, o plano ideal de nos apaixonarmos, juntarmos com alguém, casarmos e engravidarmos e a pessoa ficar para sempre, é muito giro mas nem sempre acontece assim.


1 ano e 2 meses junta com uma pessoa, com meses que vivemos juntos e 4 anos de amizade, deram origem a um bebé que vem caminho. Foi o plano ideal mas teve um fim, como tudo na vida tem, mas este fim foi precoce demais, deu-se durante a gravidez. Mas posso dizer que passei os melhores momentos da minha vida, amei até me doer a alma e acabar em pedaços, mas fui muito feliz apesar de tudo, e sei que este bebé nasceu de um amor muito forte que existiu da minha parte, e é exatamente esse amor em que foi gerado, que o meu bebé vai receber diariamente. O dia em que ele foi feito foi no dia em que tive um acidente brutal de carro e o pai dele me disse “tive medo de te perder para sempre”. Por isso sei que foi feito no mais puro dos sentimentos, e talvez tenha sido por isso que ele foi gerado.


Vou garantir que nada lhe falte e proporcionar-lhe o futuro que ele realmente merece. É verdade que não vou ter ninguém ao meu lado quando as águas me rebentarem, ou quando o bebé nascer não vai haver pai para intercalar e apoiar durante a noite, mas tenho a certeza que esta luta vai compensar e que quando o meu filho crescer vai dar valor a tudo o que a mãe fez por ele e tudo o que aguentou, e vamos ser dois guerreiros. Estamos no final da gravidez e já temos sido!


A prova disso é que a previsão de nascimento é em Leão (apesar de ele se andar a querer antecipar). Vamos viver os dois sozinhos e vamos amar-nos como se não houvesse amanhã, porque vamos estar unidos dentro e fora desta barriga, como nos temos aguentado por quase nove meses.


Os elos de ligação com os nossos filhos começam dentro da barriga da mãe.

Durante 9 meses o nosso útero funciona como um enorme altifalante. Eles ouvem o ecoar da nossa voz com uma intensidade enorme, o nosso batimento cardíaco, as nossas veias a circularem sangue, tudo o que nós não ouvimos internamente, eles ouvem. Por isso é criado um elo enorme e não há maior vínculo do que este, que é criado na barriga.

Durante 9 meses eles vivem num espaço fechado, onde vai ficando cada vez mais apertado, quentinho e onde havia um limite, e quando nascem? Estão num espaço enorme, desconhecido, onde não ouvem mais a mãe daquela forma tão intensa, então choram e só acalmam no colo da mãe, a ouvir o seu coração e a sua voz, pois esse é o lugar seguro deles.

O amor de uma criança começa a partir do momento em que é gerada, cada minuto da gravidez é tão importante como cada minuto que a criança está do lado de fora.

O vínculo é criado de dentro, o amor dos pais pelo filho vai crescendo e desenvolvendo por ver algo tão mágico a acontecer, um simples toque na barriga, uma simples conversa com a barriga. Não há tamanha explicação para um processo como este. Por isso quem vai embora a meio, não só não cria um vínculo, como deixa um sentimento de abandono na criança muito antes dela nascer.


Jamais irei abandonar o meu filho, e vou lutar por ele até ao fim da minha vida. Tenho apoio? Sim claro que tenho, tenho apoio da minha família, tenho o apoio da família do pai do bebé, tenho apoio dos meus amigos, tenho padrinhos para este pequeno, tenho apoio no trabalho, tenho apoio do estado, tenho apoio até de pessoas que mal me conhecem e estão prontas a emprestar carrinhos, roupa, o que for, porque realmente ainda há pessoas boas no mundo. Por isso não estou sozinha nem nunca mais estarei. O único apoio que não tenho é do pai desta criança, que tomou a opção dele de trocar o filho por uma namorada nova, mas isso é um problema dele. Se estou feliz? É óbvio que estou feliz, dentro de dias (ou semanas) vou ter nos meus braços o amor da minha vida, e vou saber o que é realmente o verdadeiro amor, da mesma forma que tenho vindo a descobrir e a sentir ao longo desta gravidez um amor que nunca antes tinha sentido.


A vida dá muitas voltas, o que hoje era certo e garantido amanhã fica dissipado e perdido, a base é encontrarmos forças para nos levantarmos, irmos à guerra e superarmos.


Que todas as mães solteiras encontrem sempre a sua paz interior, que se foquem sempre no amor que vem de dentro, e nunca na dor que veio de fora. Que arranjem forças para se erguerem após uma injustiça tão grande, que coloquem sempre os pequenos em primeiro lugar e que lutem pelo bem-estar deles como se não houvesse amanhã. Será um caminho difícil, será um caminho doloroso não minto. Ver outras grávidas a passear de mãos dadas na rua com o pai, a fazerem sessões fotográficas com o pai, a organizarem festas antes do nascimento com o pai, a irem a consultas com o pai, a irem às aulas de pré-parto com o pai, o terem com quem partilhar cada segundo feliz da gravidez com o pai, e nós mães solteiras, não termos essa pessoa, é doloroso, claro que é.

Perspectivamos uma vida a dois desde sempre, conseguimos isso, depois perspectivamos uma vida a três, isso concretiza-se e a meio tudo muda? É doloroso sim, mas também somos capazes, sim!

Há situações que ocorrem na vida por alguma razão, então temos de aceitar e tirar maior partido de aprendizagem delas. Nunca se sintam sós, pois nunca mais na vida estarão sós, têm o vosso filho convosco e isso é o mais importante. Não vai ser um percurso fácil, mas certamente que será um percurso abençoado e feliz. Lembrem-se que toda a educação partirá de vocês e não haverá ninguém a ensinar o contrário. Vão incutir bons ensinamentos, vão fazer dos vossos filhos pessoas melhores, vão ensina-los a serem pessoas de valor. Pode não ser fácil, mas é possível! Com amor tudo é possível.

Aceitemos o que nos aconteceu e foquemo-nos no mais importante: os nossos filhos.


Estou à tua espera amor, não tenhas pressa em chegar, vem no teu tempo, mas quando chegares a mãe vai estar aqui para ti, até ao resto da tua vida, e podes ter a certeza que sou a única pessoa nesta vida que jamais te virará costas 💗



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